SEMENTE -Show de Marcus Lucenna
O novo show do “Cantador dos Qu4tro Cantos” Marcus Lucenna, chama-se "Semente" e tem no repertório o ecletismo típico que marcou a forma como ele sempre pautou e conduziu sua carreira, revelando o que ele chama de "Cantolínea Psicordélica" ou "O denominador comum das diferenças". No show, embalada pela voz potente deste cantador, essa revelação deixa o público extasiado, como no momento em que ele mistura Gonzagão e Roberto Carlos em "Detalhes de dois Reis", ou canta "Balança Brasil", um Funk Melody que virou um forrozão, ou o clássico Latino Americano "El Condor Pasa" que se transformou em "Arribação", ave símbolo dos retirantes nordestinos. Marcus Lucenna também canta neste show, um apanhado de letras fortes e músicas populares gravadas por ele ao longo da sua carreira como: Tome Cheiro, O Salvador Daqui, Coração Vazio, A Capa do Super-Homem e a música título do seu disco em fase de gravação, "Semente", que dá nome também ao Show. O Cantador dos Qu4tro Cantos, faz uma viagem pela genealogia da música nordestina, que vai dos Cantadores de Viola (repentistas) a Luiz Gonzaga e sua geração (João do Vale, Luiz Vieira, Jackson do pandeiro, etc.), das Cantigas Cordelísticas ao Romantismo Brega, passando pela evolução da música nordestina e os intérpretes pós gonzagueanos (Alceu Valença, Fagner, Zé Ramalho, Elba ramalho, etc.). O resultado, é um show de uma animação contagiante, onde os sentimentos mais diversos se manifestam e se misturam, indo desde as cantigas de "Amor a vida e a natureza", até as cantigas da "Natureza da vida e do amor", onde sentimos a cada música executada, a forma como a Cultura Nordestina veio se movimentando, se reinventando e se revigorando, para cair no gosto de todas as faixas etárias e de público e ocupar espaços fora do Nordeste, principalmente nos grandes centros urbanos das outras regiões do Brasil.
"Semente", a música tema do Show, faz uma alusão à origem das coisas, a gênese de onde surgem as ramificações de tudo, inclusive das culturas. Mostrando que a semente precede a raiz e ao mesmo tempo sucede-a. "Toda semente traz em si a raiz de si mesma, assim como uma célula pode gerar um clone de um organismo inteiro. Porém quando pensamos em Raiz, pensamos em algo preso e ramificado, enquanto nossa idéia de semente nos remete ao fato de que ela pode viajar e ser disseminada em diferentes lugares, sendo ao mesmo tempo, mãe e filha de si mesma. É como se “a filha estivesse parindo a própria mãe". Diz Marcus Lucenna, para explicar de maneira simples, a complexidade do processo da contribuição de cada geração na construção da identidade de um povo e a sua própria contribuição, na revigoração da música e da poesia nordestina contemporânea. Essa sua visão metafísica da transmigração cultural, se manifesta no palco de maneira simples, ao som da Sanfona, do Triângulo e da Zabumba, fluindo como um rio que vai chegar ao mar, por mais retas ou curvas que tenha em seu curso. Vamos lá pra ver.
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